sábado, 27 de junho de 2009

A crise Internacional

O processo de globalização que se intensificou nas últimas décadas alavancou o “nível de aspirações” dos indivíduos de forma avassaladora. Neste contexto, as evoluções das oportunidades oferecidas pelos mecanismos de crédito passaram a ser o caminho da felicidade, antecipando consumos incompatíveis com as rendas efetivas.

A exacerbação do consumo – causa primária da crise - antecipando-se à capacidade real de realização ultrapassou o horizonte de uns 5 anos para adiante, até que essa bolha irreal começou a estourar. O aspecto mais visível foi a bolha imobiliária, a menos pior, mas que gerou um efeito dominó nos vários mecanismos e instituições financeiras, expondo a falta de liquidez da onda consumista e levando à crescente inadimplência.

O caminho para a catástrofe foi facilitado pela frouxidão do “sistema de regulação” em quase todo o mundo.

Quais as conseqüências?

- Primeira, a redução do tamanho dos mercados ajustando-se repentinamente no sentido da capacidade real de demanda. A demanda de aço e de automóveis, por exemplo, caiu pela metade no mundo e não se sabe como e nem quando se ajustará.

- Segunda, a paralisação dos financiamentos, mas não por falta de recursos e sim pelo temor da falta de liquidez dos tomadores, risco de calotes que já despontam ameaçadoramente.

- Terceira, a queda de demanda e seus fatores de indução que inviabilizam a continuidade de muitas cadeias de produção, gerando desemprego cumulativo, agravando o processo de queda do consumo e da piora da liquidez. Adicione-se que esse processo gera queda de preços em geral, comprometendo mais ainda a viabilidade econômica de muitas atividades produtivas.

As economias fortemente dependentes dos fluxos de mercado internacional vão sofrer muito, tanto exportadores tipo petroleiros como os de manufaturas. Ex. o Japão e a China - cujos processos de crescimento já estão abalados, levando-os provavelmente a se envolverem numa concorrência predatória sem precedentes. A China hoje vive da queima de reservas financeiras. Ela é forte, mas altamente dependente em energia, matérias primas e alimentos; logo, é uma incógnita.

Neste quadro levarão vantagens países com alto grau de auto-suficiência em alimentação, energia e minerais estratégicos, como é o caso dos EUA, Brasil, Canadá, Austrália, Argentina e alguns poucos mais. Os outros sofrerão uma sangria econômica desesperadora. Contudo, a seletividade das medidas e o aumento do volume dos investimentos começam a esbarrar na queda das arrecadações governamentais.

Mas a crise ainda vai longe. As conseqüências serão dolorosas e não há espaço para demagogias, brincadeiras e perda de tempo, Há que se trabalhar duro e no caminho certo. A melhor forma de enfrentamento da crise para nosso País está na mesma linha dos programas internacionais que visam investimentos para o aumento da competitividade sistêmica, mas com uma regulação confiável em todos os segmentos.

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