sábado, 27 de junho de 2009

Brasil e a Crise

O Brasil de hoje detém uma posição relativamente privilegiada, pois nas duas últimas décadas modernizou-se, quebrou uma infinidade de reservas de mercado e implantou um plano de estabilização econômico bem sucedido que, aliado às condições naturais, permitiu um salto de produtividade e competitividade. Em 2007, participamos com pouco menos de 1,5% das exportações mundiais. Nesse contexto, o agronegócio foi e é o carro chefe dessa vantagem, quase triplicando a produção no período, gerando de um lado a ocupação crescente de fatias do seu segmento no mercado internacional, que segundo o Ministério da Agricultura se aproximaram de 6,5% em 2007 e, de outro, alavancando o conjunto da economia interna. Hoje ocupamos a segunda posição como supridores do mercado internacional do agronegócio. É muita coisa. .

- A inexistência de uma “economia hipotecária” no país capaz de sustentar um amplo setor financeiro daí dependente;

- O bom estado de “saúde” dos bancos nacionais, em grande parte devido ao Proer, da época de FHC, além de inexistência de vínculos de financiamento entre os bancos nacionais e o sistema financeiro em crise nos Estados Unidos (fato comum na Europa);

- A existência de mais de 200 bilhões de dólares em reservas, servindo de “airbag” para eventualidades;

- A diminuição do mercado americano, cerca de 15%, no conjunto do comércio externo do país; nosso maior parceiro agora é a China;

- O vigor do mercado interno, antes considerado uma “tara desenvolvimentista”, e hoje um virtuoso colchão de socorro;

São os grandes contribuintes da nossa situação relativamente equilibrada.

O setor mineral, o primeiro segmento econômico afetado no Brasil pela atual crise mundial, sofre com a queda nos preços do commodities, que afetou consideravelmente as exportações, além de ser atingido pela redução geral da demanda, pelas restrições de crédito e, ainda, pelo adiamento de projetos novos ou de expansão. Todo o setor industrial a partir do 2º semestre de 2008 passou a sentir o recuo da demanda por exportações afetando significativamente os Estados que mais dependiam delas.

Fonte: Governo do Estado do ES



Os efeitos mais perversos, sem dúvida, recaem no desemprego de milhares de trabalhadores e na redução das receitas dos Estados e municípios envolvidos com a indústria.

Inverte-se, assim, a tendência de crescimento do setor nos últimos anos, quando as margens de lucratividade e as condições favoráveis de crédito diante da contínua elevação da demanda mundial, intensificada pela abertura de grandes mercados consumidores, representavam os principais fatores de sustentação da mineração, da siderurgia e também metalurgia carros-chefes da indústria nacional.



Produção Industrial


Nos três gráficos que se seguem, estão representadas a produção industrial de cada um dos Estados. Poderemos perceber a discrepância de valores obtidos na produção industrial após a chegada da Crise: uma queda significativa principalmente nos estados de Minas Gerais e Espírito Santo.



Com relação ao início de 2008 todos os índices tiveram recuo – Segundo o IBGE, em relação a abril de 2008, o setor industrial recuou 14,8%, praticamente repetindo a média do primeiro trimestre do ano (-14,6%). Além da elevada base de comparação, vale ressaltar a influência do menor número de dias úteis em abril de 2009 (20) frente abril de 2008 (21). A grande maioria (24) dos vinte e sete setores pesquisados exibiu índices negativos nessa comparação, vindo de veículos automotores (-24,8%) e máquinas e equipamentos (-32,3%) as maiores contribuições na formação da taxa global, ambos pressionados pelo recuo em mais de 80% dos produtos investigados nos respectivos setores. Também apresentaram pressões negativas os ramos de metalurgia básica (-27,9%), por conta do recuo em lingotes, blocos tarugos e placas de aço; e material eletrônico e equipamentos de comunicações (-44,0%), impactado, sobretudo, por telefones celulares. Entre as três atividades que mostraram aumento em relação a abril de 2008, a mais significativa veio de bebidas (4,8%), impulsionado pela maior fabricação de cervejas, chopes e refrigerantes.

Ainda no confronto com abril de 2008, os índices foram negativos para todas as categorias de uso, com destaque para bens de capital (-29,3%), que ao assinalar o maior recuo desde março de 1996 (-31,7%), registrou ritmo de queda bem superior ao da indústria geral (-14,8%). Esse resultado foi sustentado pelos índices negativos em todos os seus subsetores. Destaque para bens de capital para uso misto (-33,9%), por conta do recuo nos investimentos nas áreas de telefonia celular e informática, e bens de capital para transporte (-15,4%), por conta do efeito conjugado da redução na fabricação de caminhões e caminhão-trator e o menor ritmo de crescimento de aviões. Vale citar que esse é o subgrupo de maior peso na categoria de bens de capital e, até março, acumulava crescimento de 1,5%. O desempenho de bens de capital para fins industriais (-36,9%) registrou em abril a menor taxa da série histórica. O segmento de bens de consumo duráveis (-21,6%), que também ficou com recuo acima da média da indústria (-14,8%), mostrou o sétimo resultado negativo nesse tipo de comparação, com as pressões negativas mais relevantes vindo dos itens, automóveis (-15,6%), eletrodomésticos (-16,8%) e telefones celulares (-44,9%).

Na comparação abril 2009/ abril 2008, o desempenho de bens intermediários ficou 15,5% inferior e foi negativamente influenciado pelo comportamento de vários dos seus subsetores, com destaque para os produtos associados às atividades de metalurgia básica (-27,9%), veículos automotores (-33,1%), indústrias extrativas (-11,6%), borracha e plástico (-21,2%) e outros produtos químicos (-10,0%), principalmente pela redução nos itens: lingotes, blocos, tarugos e placas de aço e relaminados de aço; peças e acessórios para veículos; minérios de ferro, pneus e peças e acessórios de plástico para automóveis, e herbicidas para uso na agricultura. Ressalta-se ainda os índices negativos observados em insumos para construção civil (-11,6%) e embalagens (-9,6%). A única influência positiva veio dos itens associados ao setor de alimentos (9,4%), impulsionado pelo aumento na produção de açúcar cristal. O segmento de bens de consumo semi e não duráveis recuou 4,2%, resultado que foi sustentado por todos os subsetores, com exceção de carburantes (4,9%), determinado, sobretudo, pelo aumento na produção de álcool. A principal contribuição negativa veio do subsetor de semiduráveis (-17,3%), seguido por outros não duráveis (-3,6%) e alimentos e bebidas elaborados para consumo doméstico (-2,8%), com destaque, respectivamente, para os itens calçados de couro e roupas de banho; jornais e medicamentos, e vinhos de uva.

Mas com relação ao mês anterior todos tiveram alta - Ainda na comparação com o mês anterior-março/09-, todas as categorias de uso registraram índices positivos.




MINAS GERAIS - A produção industrial de Minas Gerais, descontadas as influências sazonais, avançou 0,6% na passagem de março para abril, quarta taxa positiva consecutiva, acumulando 12,2% de expansão nesse período. Com isso, o indicador de média móvel trimestral permaneceu positivo, avançando 3,4% entre março e abril. Na comparação com abril de 2008, a indústria mineira recuou 21,6%, com desempenho negativo mais intenso na indústria extrativa (-31,0%), por conta da menor da extração do minério de ferro, que na indústria de transformação (-20,0%). Nesta última, os impactos mais significativos se deveram a metalurgia básica (-36,5%), veículos automotores (-20,7%) e máquinas e equipamentos (-48,8%).

ESPÍRITO SANTO - A produção industrial do Espírito Santo, em abril, avançou 7,1% frente a março, na série livre de influências sazonais, após recuar 3,5% no mês anterior. Com isso, o índice de média móvel trimestral, ao assinalar 3,9% de expansão entre março e abril, interrompeu sequência de dez meses de taxas negativas, período em que acumulou perda de 32,2%. Na comparação com igual mês do ano anterior, a queda de 26,7% foi a mais elevada entre os locais pesquisados, com os cinco ramos investigados assinalando taxas negativas. As indústrias extrativas (-44,2%) e de metalurgia básica (-38,0%) responderam pelos maiores impactos, com destaque para os itens minérios de ferro e lingotes, blocos e tarugos de aço, respectivamente.

RIO DE JANEIRO - A produção industrial do Rio de Janeiro mostrou, em abril, recuo de 0,5% frente a março, na série livre de influências sazonais, após crescer 5,4% no mês anterior. O índice de média móvel trimestral apontou avanço (1,1%), segunda taxa positiva consecutiva, acumulando um ganho de 1,8% nesses dois meses. Na comparação com abril de 2008, o setor também registrou queda (-3,9%), sexta taxa negativa consecutiva neste tipo de confronto. O resultado foi influenciado pelo desempenho adverso da indústria de transformação (-7,9%), uma vez que o setor extrativo prossegue em expansão (12,6%). Destaca-se também as contribuições negativas vindas de outros produtos químicos (-21,5%), minerais não-metálicos (-23,1%), edição e impressão (-13,5%) e veículos automotores (-13,1%). Os maiores impactos positivos vieram da indústria farmacêutica (49,4%) e de refino de petróleo e produção de álcool (15,3%).

Comercio Varejista


O IPI (Imposto de produtos industrializados) é cobrado por mercadorias industrializadas nacionais e internacionais. A redução deste imposto foi e está sendo um beneficio para as pessoas, pois o custo abaixa, ou seja, o valor a ser pago pelo produto diminui. Isto fez com que o comércio de um modo geral tivesse um bom rendimento durante a crise. Até 31 de março o IPI de carros populares que tinham a taxa de 7%, estavam com a alíquota zero. Isso, em um carro com preço de R$25 mil, significaria uma redução de R$1.500 no valor.

Dados do Boletim Regional, apurados pelo Banco Central, apontaram aumento das operações de crédito em todas as regiões brasileiras no período de dezembro de 2008 a fevereiro de 2009 em relação ao trimestre anterior. Na avaliação da entidade, na Região Sudeste, as operações de crédito em fevereiro/09 registraram crescimento de 1,7% em relação ao trimestre encerrado em novembro/08, totalizando R$ 621 bilhões. Nos 12 meses até fevereiro, o crescimento foi de 30,4%. Para as demais regiões, as variações foram: na Região Sul, o aumento foi de 1,4% em relação a novembro de 2008 e de 29,6% em relação a fevereiro do ano passado. Na Região Nordeste, os aumentos foram de 2,5% e 33,7%, respectivamente. O Norte computou aumentos de 1,1% e 29,3% e o Centro-Oeste, de 3% e 26, 8%.



O comércio do Estado do Rio de Janeiro encerrou o 1º trimestre de 2009 com o faturamento praticamente estável em comparação ao mesmo período de 2008. A taxa registrada foi de -0,1% sobre alta de 1,8%, de acordo com a Pesquisa Mensal do Comércio (PMC), realizada pela Fecomércio-RJ. .

Os grupos que puxaram o desempenho dos três primeiros meses do ano foram Bens Duráveis, Bens Semiduráveis e Combustíveis e Lubrificantes, com quedas nas receitas de 2,5%, 2,0% e 1,0%, respectivamente. Comércio Automotivo também sofreu retração, no entanto, menos acentuada (-0,2%), em função da redução do IPI, que favoreceu o faturamento de Concessionárias de Veículos (2,4%).

“A piora no desempenho do mercado de trabalho tem efeito direto sobre a confiança do consumidor, que, mais cauteloso, diminui compras que exijam uma maior exposição do seu orçamento ao longo do tempo, condição agravada pelo aumento do custo do crédito. Em função disso, segmentos mais dependentes da tomada de financiamento foram os mais prejudicados.”, explica o coordenador do Núcleo Econômico e de Pesquisas, João Carlos Gomes.

O grupo Bens Não Duráveis, mais relacionados ao nível de renda disponível das famílias, foi o que apresentou maior resistência aos efeitos da crise. Cresceu 1,1%, mantendo a trajetória de resultados positivos iniciada em maio de 2004, movimento favorecido ainda por mudanças na cesta de produtos do consumidor, que canalizou gastos para produtos mais em conta.

Em Minas Gerais foram criados 106,2 mil novas vagas de empregos formais no setor comercial, segundo Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados do Ministério do Trabalho e Emprego).

Em abril/09, o saldo entre admitidos e demitidos ficou positivo em todo país com a geração de 106.205 postos de trabalho (crescimento de 0,33% em relação ao número de assalariados com carteira assinada do mês anterior). No acumulado do ano, o saldo é pela primeira vez positivo, com criação de 48.454 empregos. Nos últimos 12 meses, foram gerados 651.696 empregos formais, acréscimo 2,18% face o mesmo período imediatamente anterior, conforme Caged.

O volume de vendas no comércio varejista ampliado foi 0,9% maior nos últimos três meses do ano, em relação ao mesmo período do ano anterior. Apesar de a taxa se ter mantido positiva, foi grande sua desaceleração: nos três primeiros trimestres, a média de crescimento fora de 12,3%. Essa desaceleração da taxa de crescimento foi generalizada e atingiu oito dos dez subgrupos que compõem o comércio varejista ampliado. Mesmo com a notória queda nas exportações, empresários do setor de calçados estão confiantes no mercado interno e projetam um crescimento entre 10% e 20% em relação ao ano de 2008.

O volume de vendas do varejo capixaba cresceu 0,1% no mês de fevereiro em comparação a janeiro, mantendo a estabilidade. No primeiro bimestre de 2009 a expansão registrada foi de 0,7%, comparativamente à média do último bimestre de 2008. Esses resultados compõem a Resenha de Conjuntura elaborada pelo Instituto Jones dos Santos Neves (IJSN), divulgada nesta quinta-feira (16), baseada nos dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

O indicador mensal que compara o mês de fevereiro com o mesmo mês do ano anterior registrou queda de 2,4%, considerada a maior desde dezembro de 2003.

A maior queda foi registrada nas vendas de Outros artigos de uso pessoal e doméstico (-20,8%). As vendas de Hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo (-3,3%), móveis e eletrodomésticos (-0,9%), livros, jornais, revistas e papelaria (-12,1%) e tecidos, vestuário e calçados (-7,8%) denotam desaceleração, especialmente quando confrontadas aos indicadores acumulados nos últimos 12 meses (+1,8%, +22,7%, +9,3% e +10,1%), respectivamente.

Os segmentos de Artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos, de perfumaria e cosméticos (+22,2%), Equipamentos e materiais para escritório, informática e comunicação (+12,8%) e Combustíveis e lubrificantes (+10,8%) registraram expansão das vendas em fevereiro se comparado ao mesmo mês de 2008.
O volume de vendas do comercio varejista ampliado, composto pela soma do Varejo com as vendas automotivas e de materiais de construção, apresentou resultado negativo, com queda de -1,1% frente ao mesmo mês do ano passado, sob impacto da queda acentuada nas vendas de Materiais de construção (-21,6%).
A receita nominal de vendas registrou alta de +4,6%, no mês de fevereiro, frente ao mesmo mês de 2008, revelando um índice de preços implícito de 7,2%.
Para os economistas do IJSN, esse desempenho demonstra uma mudança no comportamento do consumidor que vem encontrando dificuldades de acesso ao crédito e, também, se tornando mais cauteloso em face dos impactos da crise econômica.


Agricultura


A crise afetou o setor da agricultura, mas as variações climáticas de 2008 (enchentes e secas no sul e sudeste do Brasil) afetaram muito mais. No geral ó saldo da balança comercial foi positivo. Porém, em alguns casos localizados, como veremos no vídeo abaixo, a produção apresentou números deficientes.




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